Quando transformamos um alimento, estamos também nos transformando, mas na maioria das vezes de uma forma inconsciente. Precisamos buscar a transformação consciente desde o instante em que pegamos os primeiros ingredientes para cozinhar.
Você já parou para pensar no real significado do ato de cozinhar? Provavelmente não, afinal de contas isto já virou uma tarefa mecânica na vida e na rotina de cada um. A sociedade é impiedosa, nos força a mudar nossos hábitos, valores e costumes. Ela nos ensina a viver em piloto automático, transformando nossos prazeres em obrigações.
Cozinhar virou uma dessas obrigações, e sequer temos tempo para estar na cozinha, porque o tempo se tornou a nossa maior escassez. As panelas guardam o suficiente para manter nosso corpo físico em pé. Colheres de pau são movidas por mãos frenéticas porém conduzidas por mentes desligadas.
Em qual gaveta do armário você guardou os seus ingredientes mais transformadores? Ânimo, inspiração, carinho, atenção, cuidado.
Você jogou fora o seu tempero mais poderoso?
Amor.
Cozinhar é um ritual sagrado. É a capacidade de fazer mágica com as mãos, poucos ingredientes viram um banquete inteiro, cheio de aromas, cores e sabores.
Precisamos recuperar os olhos nos quais conseguimos enxergar a grandeza e a importância de poder manipular um alimento, transforma-lo em comida e nutrir a vida.
Nosso corpo é o nosso templo. É o lugar onde depositaremos energia vitalícia, é a fonte que nos move, não podemos desdenhar de tudo isso.
Pegue as receitas de família, vá a feira, escolha as melhores verduras, sinta uma por uma com as mãos. Quando estiver preparando um almoço, um jantar, esteja consciente de que você está nutrindo um mundo, tanto o interno quanto o externo.
Você cozinha com amor, dedicação e alegria?
Faz da sua cozinha um lugar inspirador?
Você está presente nela, em corpo, coração e alma?
Texto de Carla Arouca
Equipe Gourmet a dois