Me chamo Suelem Raposo, sou professora de inglês, acadêmica de gastronomia, e estudante de nutrição. Você deve tá se perguntando: “Ê caroço, tudo isso?” Sim, com muito orgulho. 

Sou Manauara (cabocla da terrinha), de mãe manauara e pai maranhense, possuindo uma irmã (também manauara); amante dos animais (tenho 4 porquinhos da índia e uma chow-chow) e claro apaixonada por música, fotografia e comidaaaa. :D

Fui inspirada a seguir esse rumo devido a minha mãezinha Dona Íris (avó materna), que possui mãos de fada, e sempre fez pratos maravilhosos de dar água na boca. Desde pequena, a acompanhei na cozinha, seja fazendo a seleção dos ingredientes; mexendo algo na panela para não grudar, se não pegava carão; ou até mesmo lavando louça. Mas sempre ali, questionando e tirando as minhas dúvidas, e comendo muito é claro. Afinal, Todo mundo (ou uma grande maioria) que começa nessa área, começa como degustador. E tem coisa melhor do que comida de vó? Não né?! Boa que só!. Hoje em dia ela tem muito orgulho do caminho que eu escolhi para seguir, bem como amigos e pessoas mais próximas... afinal, é notório a demonstração de amor e dedicação que tenho pela gastronomia.

Algumas pessoas até brincam: “Telesé?! Se fosse eu faria algo que desse dinheiro” ou “você teve duas chances na vida, e nas duas escolheu profissões difíceis, sofredoras: ser professora e ser cozinheira”. Como resposta, apenas digo que sofre aquele que não tem amor pelo o que faz. Se você gosta do que faz, tem que ir com borra e tudo.

Meu namorado tem me dado muito apoio desde o começo, e claro, vem sendo “o Mr.cobaia” das minhas experiências gastronômicas desde então. Como um degustador nato (vive brocado de fome rs), bastante observador e sincero, me ajuda bastante com suas opiniões, me dando corda pra sempre testar tudo. Tem dado certo essa parceria.

Bom, mas vamos falar do que interessa: A gastronomia Amazônica.

Sabemos que a Gastronomia Amazônica vem sendo divulgada de forma tímida, aos poucos. Muitas pessoas já ouviram falar, outras nem conhecem ao certo... mas digo que quem prova, jamais esquece.

Dentre a série de culturas que nós temos no nosso país, esta é a que encontra-se mais em sua essência, original e bem preservada, Traz consigo além do indescritível sabor, uma história verídica da nossa colonização, resquícios das culturas antepassadas, e vestígios de contribuição das demais culturas, uma verdadeira evocação de paladares ancestrais. Resumindo, é uma gastronomia altamente rica, tanto de história como sabores. 

Vale ressaltar que muitos dos valores indígenas na culinária amazônica ainda são preservados, e repassados de geração em geração por aqueles que ainda acreditam poder resgatar e tornar sempre viva esta herança.

Diz-se que comer, é conhecer. Acredito que toda cultura se caracteriza não só pela sua forma de agir, mas pelas comidas e costumes gastronômicos envolvidos que nos têm a oferecer.

Levarei vocês a conhecer um pouco da Amazônia através dos seus sabores, e espero que vocês achem tão chibata a ponto de quererem visitar Manaus ou qualquer município da região.

Glossário do Amazonês:

Brocado (adj.): Pessoa com fome.

Chibata (adj): coisa muito boa.

Carão (s.m.): Esporro, ralho;

Com borra e tudo (exp. Id.): Com tudo. Expressão de exagero e alopro.

Dar corda (exp. Id.): Dar confiança.

Ê caroço: (Interj.): Expressão de espanto, admiração.

Espia Só (Interj.): Interjeição que antecede a algum comunicado. Usada para chamar a atenção do interlocutor.

Que só! (:Loc. Adv.): Indica intensidade, similar a “pra caramba”.

Telesé?! (Exp. Ind.) : Forma reduzida de  “tu é leso(a) é?!”, similar a  “tu é doido(a)?!”

Fonte (Glossário): FREIRE, Sérgio. Amazonês. 2ª Ed. Editora: Valer.