Mindfulness já se tornou o termo da moda e em 2018 promete ganhar um destaque ainda maior. Altos executivos do Vale do Silício e Wall Street praticam atenção plena (na tradução livre) há anos, na tentativa de obterem mais foco nos negócios e quem sabe uma vida pessoal mais enriquecedora. Eu mesmo pratico meditação há bastante tempo junto com práticas de yoga, e comecei a ler sobre o assunto há mais de 15 anos ao ler o livro Mindfulness in Plain English, um guia bem sucinto sobre a prática de meditação e como ela pode nos ajudar a ter uma vida mais plena. Desde então, nunca mais parei de estudar o assunto. Mas o que esse assunto tem a ver com comida?  É que fomos ao Mindfoodness*, um jantar que utiliza os conceitos de atenção plena na alimentação.

Ao chegarmos no local, fomos recebidos pelas anfitriãs da noite, as sócias do Parceria Humana Fabiana Garcia e Fernanda Miguez que se juntaram para criar a Parceria Humana Mindfulness. Explicaram o processo: são servidos 6 pratos, acompanhados por 4 tipos de vinho harmonizados pela  Sommeliere Laura Wortmann da Mistral SP. Toda a degustação é feita com atenção às sensações da comida: as cores, o aroma, o sabor e até o som. A ideia era fazer uma prática de meditação, onde o objeto de foco fosse a comida, os vinhos.

Ao sinal do gongo, o primeiro prato foi servido pela chef Lu Quaresma: dois canapés, um com tomate defumado e outro com jiló e balsâmico. O primeiro impulso que tive era de rapidamente devorar a comida, mas fomos convidados a ver o alimento e perceber suas nuances, cores, detalhes e o aroma que subia do prato.

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A diferença entre comer sem e com atenção é exatamente essa: deixar com que as sensações sejam as âncoras do momento, onde o passado e o futuro são deixados de lado, e o momento presente, como o próprio nome evoca, é um presente para nós.

No segundo curso, um ceviche, mas não de peixe. Ao morder os cubos brancos, percebemos que a crocância e frescor eram de palmitos pupunha. A atenção se voltou agora para o barulho do palmito ao ser triturado na boca. Nesse ponto, a mente já estava diferente do habitual frenesi que eu conheço tão bem. Estava mais calma, longe dos julgamentos e preocupações corriqueiros. O que importava naquele momento era a experiência do momento atual e isso nos deu uma sensação de bem estar incrível.

Fomos presenteados então com os pratos seguintes: carpaccio de portobello e shitake grelhado com creme de castanha do Brasil, brasato al vino rosso com arroz cremoso de açafrão e maçã caramelizada e creme brulée de goiabada com sorvete de queijo.

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Mas foi um dos pratos principais que mais me chamou atenção. Era uma Brandade de bacalhau com cebola crocante para se comer rezando, ou melhor, com muita atenção. A batata, ingrediente que dá estrutura ao prato, foi trocada pela batata baroa e essa troca não poderia ter sido mais feliz. A batata baroa, ou mandioquinha, emprestou um perfume ao brandade. O bacalhau ficou quebrado em fibras minúsculas, quase dissolvido, e me fez imaginar o trabalho manual que a chef teve de desempenhar à mistura. A chef quis aguçar ainda mais nossos sentidos ao salpicar cebolas bem crocantes e servir uma ampola de azeite para regarmos antes de comer. Uma folia para os sentidos.

Saímos do jantar felizes não só por uma experiência gastronômica competente, mas também nos questionando porque temos tanta pressa na vida, esquecendo de aproveitar o momento presente. 

Para mais informações sobre eventos futuros do Parceria Humana, faça uma visita ao site:parceriahumanamindfulness.com
*Mindfoodness é uma experiência idealizada por Bernardo Coelho do Instituto Mindfulness e Cia (Site:imecia.com.br)

Texto de Vinicius Abrantes